28.11.2023

A essência e a ciência que nos guiam

Por Maria Amália Souza – Fundadora e Diretora de Desenvolvimento Estratégico

O Fundo Casa Socioambiental tem “mostrado serviço” nos últimos 18 anos. As evidências da nossa eficiência estão estampadas de várias maneiras, não só na nossa capacidade de apoiar cada vez mais grupos de base comunitária, de forma que o conjunto das ações consiga demonstrar avanços significativamente positivos nas causas que abarcamos, mas também no nosso papel cada vez mais relevante e reconhecido dentro do campo da filantropia nacional, e principalmente internacional.

Essas evidências estão na quantidade de chamadas para apoios que abrimos, muitas vezes simultaneamente, todos os anos. Estão nas alianças entre fundos e nas redes de filantropia em que atuamos, que fazem com que o impacto dos nossos apoios seja cada vez mais abrangente e visível. Estão também na amplitude de ações e abordagens que temos, nas quais nossa equipe atua de forma séria, amplamente representativa e ao mesmo tempo acolhedora. E estão cada vez mais no reconhecimento que temos conquistado nos mais variados campos de atuação. Isso tudo pode ser encontrado nos inúmeros estudos, publicações e relatórios que temos produzido nos últimos anos.

Até hoje, temos contado nossa história de forma lúdica e empírica. Nela é possível perceber claramente nossa trajetória sólida de dedicação e nossa longa história de experiências coletivas profundas, que têm nos guiado para as escolhas de atuação neste campo de forma a alcançar o máximo de eficiência.  Porém, o que até hoje nunca contamos detalhadamente é sobre a ciência que há na forma como desenvolvemos nosso modelo de atuação. E há muita ciência aí!

Nosso modelo é profundamente embasado nos ensinamentos de duas grandes cientistas: Donella (Dana) Meadows e Joanna Macy. É hora de reconhecer e explicar melhor como a filantropia que fazemos está alicerçada no Pensamento Sistêmico (Systems Dynamics), desenvolvido por cientistas do MIT, principalmente no que diz respeito ao trabalho e legado de Dana e nas várias vertentes do trabalho de Joanna, composto pela Teoria Geral dos Sistemas Vivos (General Living Systems Theory) e o Exercício da Reconexão (The Work that Reconnects), que por sua vez envolve princípios da Ecologia Profunda, Eco-psicologia e  práticas inspiradas em várias filosofias espirituais e ancestrais — trabalho brilhante e criativo testado e apurado por ela durante seus 94 anos de vida, e contando.

Compreendendo o momento planetário e nosso papel 

No ano 2000, fiz meu primeiro curso intensivo, de vários que viriam, com Joanna Macy, na Califórnia. Fiquei fascinada pelo trabalho de unir teorias científicas sólidas com práticas que despertam em nós, humanos, a memória de que somos mais um  de milhões de seres vivos que habitam o Planeta Terra. Nossas células nada mais são do que material reciclado (literalmente) de 15 bilhões de anos de jornada planetária. Lembrar que somos parte integral e interdepensdente da Teia da Vida nos recorda que temos que trabalhar pela Vida e não pela morte.

Joanna nos ensina, ou nos relembra, que vivemos no momento da “Grande Virada, ou Grande Transição” da Sociedade do Crescimento Industrial para a Sociedade de Sustentação da Vida . Não temos escolha senão trabalhar pela segunda. Para que alcancemos esse feito, podemos atuar em uma ou mais de três grandes dimensões — ou até todas simultaneamente — nas “Ações de Contenção” ou proteção da vida, ou seja, em barrar a destruição ambiental sistemática que estamos vivendo; na construção das “Estruturas de Gaia”, que são novas (ou antigas resgatadas) formas de viver neste mundo sem destruí-lo; e na “Recuperação da Consciência” de que estamos aqui para contribuir com a Vida — consciência que tem estado adormecida dentro de tantos de nós, que parecemos viver num estágio de zumbis que nos mantém caminhando cegos na crença de que o planeta está ai para nosso usufruto e consumo ilimitado, anestesiados para as evidências das nefastas consequências desse estado de inércia.

O Exercício da Reconexão envolve muitos “despertares”, como a aceitação amorosa dos presentes dos nossos ancestrais, a consciência do tempo profundo que nos conecta às passadas e futuras gerações, a Mandala da Verdade e outras experiências que nos validam “sentir a dor do mundo”. No livro de Joanna que ajudei a traduzir e editar, Nossa Vida como Gaia (Ed.Gaia, 2004), ela relata uma passagem: “Perguntaram ao poeta zen Thich Nhat Hanh ‘De que precisamos para salvar nosso mundo?’. Sua resposta foi: ‘Aquilo que mais precisamos é ouvir, dentro de nós, os sons da terra chorando.’” É preciso dar ouvido a esses sentimentos que carregamos pelo planeta: o medo de que o percamos nos oferece a confiança para agir por ele; a tristeza pela percepção de tanta destruição nos fortalece o amor pela vida e por todos os seres vivos; a raiva de ver a cegueira ao nosso redor nos desperta a paixão pela ação; e o vazio, o desânimo, nos mostra também que há lugar para uma nova forma de vida, e nos dá propósito.

Dona Nega é a presidente da Associação de Artesãos de Sagarana, em Sagarana – MG. O Fundo Casa apoiou o “II Fórum Sagarana: Saberes Tradicionais, Cultura e Mudanças Climáticas” que promoveu a elaboração e partilha de conhecimento entre os saberes acadêmicos, culturais e tradicionais em nível local e regional, visando estratégias de bem-viver e a conservação da sociobiodiversidade frente a emergência climática global, no ano de 2021. Foto: Rhaul de Oliveira

É isso que vemos nos guardiões do planeta. Como atores no campo socioambiental, que viemos de muitas décadas de dedicação, os fundadores e equipe do Fundo Casa percebemos que as pessoas que mais oferecem proteção e lutam pelos lugares mais importantes deste planeta são também as que mais próximas estão dos sentimentos reais da perda constante em que nos encontramos. Tendo sido abandonadas e excluídas por décadas, e não tendo mais nada o que oferecer, protegem esses lugares com seus cantos, seus rituais de cuidado, seus braços e suas vidas. São também as que têm as mais apropriadas soluções, mas sem a plataforma para ampliar suas vozes e demonstrar suas capacidades. São as que mais atuam nas abordagens que Joanna ensina: no trabalho hercúleo para conter a destruição, nas mais inovadoras soluções, e, como vemos cada vez mais hoje no Brasil, na força da voz ancestral que nos desperta do nosso estado de inércia para a consciência mais ampla e universal sobre a proteção da Vida.

São nessas pessoas que o Fundo Casa aposta desde sua concepção. Com nossos 18 anos de vida, e mais de três mil projetos apoiados em 10 países, comprovamos seguidamente que essa foi a melhor de todas as apostas — que somente essas pessoas, que tem a forma coletiva de atuar, e que entendem o que está em risco, por estar realmente conectadas com a terra, podem proporcionar à humanidade uma segunda chance. Não há nenhuma estratégia melhor do que investir nos protetores dos centros de vida  deste planeta.

Pensamento Sistêmico – A ciência de pertencer

Em 2002, tive a chance de participar de um Fellowship de 2 anos sobre as ferramentas do pensamento sistêmico. Esse programa, organizado por alunos de Dana no MIT e Dartmouth College — o Donella Meadows Sustainability Fellows Program — priorizava mulheres trabalhando nas várias frentes da sustentabilidade planetária. Em seu livro The Global Citizen (O Cidadão Global-Island Press, 1991), ela explica que “as dinâmicas dos sistemas são uma série de técnicas […] que ajudam seus praticantes a começar a entender sistemas complexos — sistemas como o corpo humano ou a economia nacional ou o clima da terra. Ferramentas sistêmicas ajudam a entender múltiplas interconexões; elas nos ajudam a ver a coisa inteira. Porque muito da ciência convencional vem de ver as coisas em partes, focando numa pequena parte por vez, pensadores sistêmicos tendem a ter pontos de vista surpreendentes”.

Desse universo super complexo de ensinamentos, alguns serviram muito ao Fundo Casa na sua concepção e mecanismos de atuação. Um deles é justamente ver o todo. Optamos sempre, até pela próxima atuação de nossos fundadores com as redes e relações de proteção aos grandes biomas sulamericanos, por entender o macro para atuar no micro. Sempre percebemos que os recursos da filantropia sempre chegaram – e continuam chegando, ainda pela miopia de alguns – em enormes quantidades para poucas grandes organizações e limitadas abordagens.  Na década de 90, quando iniciamos esse processo de encontrar um caminho novo, não havia literalmente um centavo para um nascente movimento que se apresentava, conformado por grupos de base comunitária atuando nas suas próprias regiões, com respostas baratas e muito eficientes para grandes desafios socioambientais.

Tapuya e seu curumim na aldeira Mura do Rio Itapranã, em Rondônia. A comunidade desenvolveu o projeto “Fortalecendo a aliança dos rios Panamazônicos na fronteira Brasil – Bolivia” diante aos impactos causados pelo complexo de hidroelétricas no Rio Madeira. Foto: Tulasi Resende

Por sermos parte integrante desse trabalho local, e dessas redes que foram se conformando para atuar juntas nos grandes temas, entendemos que precisávamos compreender profundamente o contexto amplo de ameaças, e as propostas de soluções existentes para cada bioma. Saber quem fazia o quê, que estudos produziam, que narrativas se desenvolviam, quem financiava a destruição, quem incidia sobre esses financiadores para atribuir responsabilidades pela destruição (e tentar estancá-la), quem propunha soluções, e quais soluções. Tentávamos sempre entender até que ponto essas soluções tinham tração, até onde conseguiam mudar os processos destrutivos.

Percebemos que realmente havia muito trabalho importante sendo feito, mas ele só conseguia chegar até certo ponto no processo, e nunca conseguia verdadeiramente oferecer a proteção integral para esses grandes biomas… Resultado que seguiu se repetindo nas seguintes décadas, porque a filantropia continuou apostando nessa estratégia limitada e incompleta, apesar de nunca obter os reais resultados esperados… Sucessos parciais sempre foram possíveis, mas nunca foram suficientes para realmente estancar completamente os processos destrutivos, ou menos ainda produzir a almejada proteção integral.

Ainda olhando para o todo, conseguimos ver claramente os atores que não estavam contabilizados nas propostas de proteção desses biomas. E percebemos que aí morava a solução. Tínhamos clareza total (e temos hoje mais do que nunca) de que os atores locais eram a chave para todas as estratégias de conservação. Mas, adivinhem… somente nós víamos isso. De qualquer forma, a certeza era tal que seguimos nessa direção sem vacilar. Não só porque éramos nós mesmos parte desse sistema ignorado e desconsiderado, mas também, exatamente por sermos parte desses sistemas, é que o entendemos como ninguém mais – que viesse ou olhasse de fora dele – poderia. Essa é uma das peças chaves do pensamento sistêmico — o sistema se auto-organiza, se reacomoda para lidar com perturbações e distúrbios, e voltar a funcionar. Soa alarmes que somente os que são parte dele conseguem perceber e reagir rapidamente para equilibrá-lo.

Na linguagem dos sistemas, esses são os “quick feedback loops” – círculos de resposta rápida para evitar que o sistema entre em colapso. Quanto mais parte ou próximo um ente está de um sistema, mais rápido consegue reagir. Criamos um modelo de doação completamente sedimentado nesta compreensão. Sendo parte das amplas redes de relação e confiança, temos acesso rápido a qualquer informação que possa interferir no bem estar de um trabalho de proteção de biomas e de direitos coletivos e territoriais — e também a qualquer ação que possa desequilibrar esses círculos virtuosos. Quando algo ameaça interferir negativamente num sistema, recursos podem ser liberados rapidamente para estancar um círculo vicioso de forma rápida, evitando que o problema cresça e fique mais difícil revertê-lo depois.

Crianças da Aldeira Aldeia Ngotxire e Kaweretxiko, no Parque indígena do Xingu, interagindo com a natureza. A Associação Indígena Tapayuna desenvolve trabalhos de resgate da cultura tradicional e proteção territorial na garantia dos direitos do povo Tapayuna, apoiados pelo Fundo Casa com o projeto “Kajkwakhratxi: Garantindo nossos direitos”, realizado em 2019. Foto: Ropkãse Suya

Temos muitos exemplos de momentos em que essa nossa posição estratégica nos favoreceu a reagir rapidamente, e favoreceu os guardiões desses locais, protegendo-os. Comentarei dois rapidamente. Um grande encontro acontecia entre líderes indígenas de um amplo território. Havíamos apoiado um orçamento para esse encontro de 3 dias com 120 lideranças que viriam de cada ponta desse grande rio amazônico, junto com o Ministério Público, que os orientava no exercício de seus direitos. O orçamento era para gasolina dos barcos e alimentação dos participantes. Passados os 3 dias, ainda era necessário continuar a conversa para chegar ao consenso. Uma decisão histórica e inédita foi alcançada nesse período adicional, mas o recurso para a gasolina dos barcos tinha sido consumido para alimentar os participantes nesses dias extras. Era um domingo à tarde quando soubemos disso. Na segunda-feira de manhã enviamos os recursos para que os líderes regressassem às suas regiões. Num outro episódio, tínhamos aprovado recursos para uma organização trabalhar no sentido de contestar um projeto de infraestrutura gigante que afetaria enormemente seu território tradicional. No dia de fazer o repasse, fomos contactados por aliados avisando que a associação tinha sido tomada por pessoas a favor do empreendimento, e conseguimos cancelar o envio. Esse tipo de ação rápida foi fundamental nesses momentos, e é de imenso valor num contexto ampliado, onde essa flexibilidade é a chave entre a vida de pessoas e lugares, ou a morte.

Clique para assistir o vídeo:

 

Outro conceito do pensamento sistêmico são os leverage points, ou pontos de interferência estratégica no sistema. Usando os princípios acima descritos de forma combinada, quando alguém é parte inerente de um sistema que flui positivamente, percebe rapidamente quando há um desequilíbrio. Nesse momento, quanto mais rápido se atua na sua correção, quando antes for possível detectar em que ponto intervir nesse desequilíbrio, mais rápido se volta ao equilíbrio. A mesma visão macro para atuar no micro é que nos permite perceber quais são esses pontos, e que tipo de interferência será preciso para conduzi-lo ao resultado positivo. Entendendo esse processo tanto por conhecimento empírico de seus fundadores, como por haver tido acesso a esses ensinamentos, o Fundo Casa desenhou sua forma de atuação baseada nessa compreensão. Um bom exemplo é a forma orgânica como criamos nossos procedimentos de apoio.

A gestão da ciência

O Fundo Casa não força os grupos a se encaixarem no que nós achamos ou deixamos de achar que devem ser suas prioridades. Todo nosso processo se baseia em ampla e constante consulta e escuta junto ao campo, através de comunicação permanente com as inúmeras e sobrepostas redes de ação das quais fazemos parte. Uma vez que asseguramos um recurso com um financiador, imediatamente informamos os atores das regiões e públicos (quando esse recurso chega direcionado pelo interesse do nosso financiador) e escutamos quais são as suas principais prioridades naquele momento. Com essa informação, desenhamos chamadas de projetos que respondem à demanda real. Junto com a chamada, criamos uma matriz de pontuação meticulosa que nos ajuda a fazer análises objetivas das propostas que chegam, até que os recursos sejam completamente comprometidos. Esse procedimento, acompanhado de conversas e consultas com equipe e conselho, assegura que a seleção seja objetiva e justa.

Para ser o sistema de financiamento com capacidade de escuta profunda e resposta, tivemos que criar nossas próprias fórmulas, assim como nossas formas de medir impactos, ou melhor dizendo, mapear e documentar evidências de que nossa abordagem colabora para resultados positivos na proteção ambiental com justiça social. Temos sido, por isso, objeto de vários estudos recentes da filantropia internacional, que começa a vislumbrar essa diferença, não só porque fomos aperfeiçoando essas técnicas ao longo do tempo e coletando dados quantitativos e qualitativos que não deixam dúvida sobre a eficácia da nossa forma de trabalho, mas também porque nos dedicamos a oferecê-la para outros ativistas do Sul Global, inspirando a criação de outros fundos similares em 5 países, já em plena atividade.  Colaboramos continuamente, ademais, com fundos e fundações comunitárias brasileiras para fortalecer sua gestão e ampliar sua ação.

Brigadistas da BRAL em combate. A Brigada de Resgate Ambiental de Lençóis trabalha de forma integrada com o ICMBio na prevenção e compate a incêndios florestais na Chapada Diamantina – BA. A organização foi apoiada em 2022 pelo Fundo Casa para compra de equipamentos de proteção e também de monitoramento, como drones, que ajudam muito no combate a incêndios florestais. Foto: Açony Santos

Emprestando nossa voz para proteger a vida

No primeiro livro de Joanna Macy, John Seed e Arne Ness, chamado “Pensando como uma Montanha” (Thinking like a mountain), John descreve um episódio em que está defendendo as florestas australianas, e de repente tem a nítida percepção de que ele é a voz da floresta defendendo a si mesma. Essa capacidade de expressar-se para defender a vida é inerente à nossa condição de seres vivos do Planeta Terra. A Eco-Psicologia explica isso. Ela é uma vertente da Psicanálise que reconhece que muitos dos nossos problemas humanos, dos desajustes sociais às doenças físicas, não provêm apenas dos desequilíbrios na nossa experiência social com outros seres humanos. Muitas vezes estão enraizadas no nosso inconsciente como seres interdependentes da teia da vida. Somos seres vivos deste planeta e não temos como estar ilesos de toda a destruição e o desequilíbrio ao nosso redor.

Todos podemos emprestar nossas vozes humanas para expressar a perspectiva de outras formas de vida. Quando fazemos esses esforços, que são mais fáceis do que parecem, acontece algo de um poder elucidativo inexplicável. Não porque forçamos ou fingimos ser esses outros seres ou formas de vida, mas porque, no fundo, realmente somos parte intrínseca deles, e esse exercício nos devolve essa consciência. Nossos corpos realmente contêm essa sabedoria, essa visão profunda da vida que defende a vida, e todos carregamos dentro de nós a sensação dessa constante ameaça. Mesmo as pessoas mais anestesiadas carregam essas angústias coletivas, normalmente não entendendo por quê ou de onde vêm.

Aceitar essa nossa condição nos ajuda a perceber e encontrar nosso lugar na luta pela proteção da vida. Essa compreensão também faz parte da forma como o Fundo Casa atua no mundo. Não há força no singular que possa criar essa mudança, somente conseguiremos promover essa grande virada no coletivo. Quando criamos formas novas de ampliar a distribuição de recursos para a proteção do planeta, baseadas no respeito aos humanos que mais lutam por isso, estamos atuando nesse nível de compreensão profunda para a defesa da vida de Todos os Seres.

O trabalho colaborativo, solidário, inclusivo, é a outra grande marca do Fundo Casa.  Nossa missão é compartilhar sempre, é unir, é somar, é contribuir para esse grande coletivo que tem somente uma missão: proteger a Vida. Não há espaço para mesquinharia, competição, egocentrismo, vaidades. Por isso, nossa forma de relação com os grupos que apoiamos é completamente horizontal. O trabalho mais importante é o deles, somos somente a ponte para melhorar as condições em que o realizam. Felizmente eles sabem disso. Temos esse feedback constantemente, esse reconhecimento do nosso respeito imenso por eles, e percebemos essa mutualidade. Recursos financeiros são o meio para o real trabalho que eles fazem nesse mundo. Essa forma de trabalhar realiza o “poder com” o outro versus o “poder sobre” o outro, muito comum quando se está numa posição de decidir sobre quem recebe recursos ou não. Nosso sistema nos dá a objetividade necessária para evitar essas armadilhas das falsas ilusões de superioridade.

Atividade de imersão realizada com jovens pelo Projeto Aldeias, desenvolvido pelo Instituto Lilar em Altamira – PA. O projeto visa fortalecer as relações comunitárias, gerar conexões e o sentimento de pertencimento à região Amazônica por meio de atividades educacionais. Foto: Gabriel Santos de Sousa

Quando compartilhamos o modelo que criamos com outros ativistas de outras partes do mundo, é porque acreditamos que esse vácuo de exclusão que a filantropia tem gerado por aqui durante décadas também é gerado em outras terras. Cabe a nós, atores locais, criar os mecanismos para preenchê-los.

Enquanto conseguimos manter o nosso Mito da Criação vivo – esse que nos lembra que estamos aqui para servir a um propósito maior do que nós – estaremos no rumo certo, usando a ciência, a gestão e a experiência de muitas vidas na direção de uma humanidade que consiga reencontrar seu rumo como parte, e não dona, da Vida. Seguiremos insistindo que os “povos conectados com a terra” são a aposta mais certeira da filantropia para restaurar e manter o equilíbrio deste planeta.

 

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