17.12.2021

Comunidades da RDS Ponta do Tubarão no RN realizam festival gastronômico de pescados

Por Alexandre Santos

Para fortalecer as iniciativas de ações socioambientais dos grupos de pescadoras/marisqueiras, garantir a soberania alimentar e as tradições culturais na produção de alimentos para o incremento da renda familiar, foi realizado em 20 de setembro, o 4° Festival de Pescados da Reserva de  Desenvolvimento Sustentável (RDS) da Ponta do Tubarão. O evento é uma iniciativa da  Associação Comunitária de Comunicação e Cultura da Ponta do Tubarão e faz parte das atividades do projeto Renda Familiar com Sabores do Mar, realizado com apoio do Fundo Casa Socioambiental e contando com a participação dos municípios de Macau, Guamaré e Galinhos, todos no Rio Grande do Norte.

O festival é um espaço de divulgação e comercialização de produtos resultantes do beneficiamento do pescado por meio da culinária, e dentre outras atividades, teve em sua programação uma feira de artesanato, lançamento da moeda social, show musical, apresentação dos pratos, lançamento de documentários realizados nas comunidades e um jantar comunitário com os pratos apresentados no festival gastronômico. Para Élio Souza, coordenador do projeto, “esta iniciativa  tem como parâmetros a segurança alimentar e nutricional das comunidades pesqueiras,  resgatando valores tradicionais e contribuindo de forma efetiva para construção de novos valores socioambientais.” Élio chama a atenção para a necessidade de capacitação para o trabalho sustentável dentro das possibilidades existentes na localidade, bem como a formação de agentes transformadores para as futuras gerações. 

Vista aérea da RDS Ponta do Tubarão. Foto: Alexandre Santos

Acesse o video do Youtube, assista e confira um resumo do festival.

 

As comunidades pesqueiras do litoral potiguar, a exemplo dos demais estados brasileiros sofrem as consequências negativas da expansão imobiliária, concentração fundiária e valorização capitalista da terra, que as têm expulsado das áreas litorâneas, terras de beira rio, ilhas, mangues, entre outras, uma vez que o acesso à água está fortemente relacionado ao acesso a terra. Os espaços pesqueiros mais próximos das comunidades tradicionais são os primeiros atingidos. Para Vanusa Vieira,  marisqueira experiente que desde a infância convive com o mar, a pesca do marisco alimenta o corpo e a mente, e apesar das dificuldades encontradas na profissão, ela nunca se imaginou fazendo outra coisa, ela reclama apenas da falta de uma embarcação  própria para as marisqueiras, pois dependem dos homens para o deslocamento na maré.

Marisqueiras se deslocam no rio Tubarão ao alvorecer para iniciar a pesca de mariscos. Foto: Meysa Medeiros

Histórias das comunidades são temas de documentários

Dentre as atividades do Projeto, foi realizada uma oficina de produção de videos com smartphones (https://www.youtube.com/watch?v=j0Zzf4F4ay0)  que contou com as participações de jovens e adultos das comunidades de Barreira, Diogo Lopes e Sertãozinho, que pertencem ao município de Macau e estão inseridas na RDS da Ponta do Tubarão. Como resultado desta oficina os participantes produziram dois documentários, um sobre as lutas sociais em favor da vida e do meio ambiente: Memórias da Ponta do Tubarão, que pode ser assistido em  https://www.youtube.com/watch?v=In1BcWaIhhM  e Marisqueiras da Ponta do Tubarão, uma viagem poética e realista pela vida das mulheres que dedicam suas vidas a pesca, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=bExZnmkLnAw&t=385s . Ambos os vídeos foram lançados na noite do Festival Gastronômico e evidenciam a riqueza ambiental e humana que requerem cuidados constante. No caso específico das marisqueiras, o  projeto  evidencia  a insalubridade e periculosidade da profissão das pescadoras/marisqueiras da pesca artesanal.  Por outro lado elas não conseguem manter-se sem essa atividade, mesmo à margem, já que a geração de renda e de oferta de trabalho são escassas e não absorvem a mão de obra dessas mulheres.

Marisqueiras fazem a coleta de búzios, atividade essencial para garantia da soberania ambiental. Foto: Meysa Medeiros

O projeto Renda Familiar com Sabores do Mar apresenta-se como uma iniciativa relevante na garantia de direitos básicos e emergenciais  neste tempo de pandemia. 

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