29.08.2024

Fundo Casa é reconhecido como modelo de sucesso em financiamento para a proteção ambiental

Organização é destaque em publicações do Forest Tenure Funders Group (FTFG) e Bridgespan 

O Fundo Casa Socioambiental tem se destacado como um exemplo notável de sucesso no cenário global de financiamento para a proteção ambiental e dos direitos territoriais. A forma de atuar da organização tem ganhado destaque internacional por conseguir levar recursos significativos diretamente até as comunidades locais, algo que ainda é um desafio para fundações e organizações que dominam a filantropia mundial.

Duas publicações recentes evidenciam o impacto significativo do Fundo Casa na promoção da justiça socioambiental no Brasil. O primeiro deles é o Estudo de Caso encomendado pela Fundação Ford para o grupo Forest Tenure Funders Group (grupo formado durante a COP 26, em Glasgow, com o compromisso de direcionar recursos diretamente para Povos Indígenas e Comunidades Locais), intitulado “Construindo caminhos resilientes“. O segundo é o relatório da The Bridgespan Group, “Quer Financiar no Sul Global? Colaborações Filantrópicas Podem Ajudar“.  Ambos destacam como o Fundo Casa tem sido importante na conservação da floresta em pé e na defesa dos direitos das comunidades locais.

A organização foi uma das 10 escolhidas para o estudo de caso desenvolvido pelo FTFG, demonstrando sua capacidade de financiar diretamente as populações que protegem as grandes florestas do mundo. A publicação trouxe à tona a importância dos caminhos de financiamento para a proteção das florestas e a gestão territorial pelas comunidades indígenas e locais. Dentre os casos estudados, o Fundo Casa foi destacado como um exemplo de eficácia e impacto na canalização de recursos.

A metodologia do Fundo Casa, baseada na identificação ativa de projetos estratégicos e impactantes, foi elogiada por reduzir as cargas administrativas sobre os beneficiários, permitindo que os grupos locais se concentrem mais em suas atividades essenciais e menos em processos burocráticos. Além disso, foi o único da América do Sul reconhecido por sua capacidade de estabelecer relações de confiança com as comunidades indígenas e locais, facilitando o planejamento de longo prazo e a implementação de projetos sustentáveis.

Nesse mesmo sentido, o recente relatório da The Bridgespan Group, publicado em junho de 2024, cita como um dos maiores sucessos do Fundo Casa Socioambiental a colaboração com 57 organizações indígenas para proteger aproximadamente 63 milhões de hectares de florestas – uma área quase do tamanho da França. Os apoios foram realizados entre 2020 e 2022, a partir de uma parceria com a Gordon and Betty Moore Foundation. Esse programa específico doou R$4,9 milhões diretamente para as organizações em 46 Terras Indígenas da Amazônia Brasileira. Vale salientar que tal investimento constitui menos de 8% de todos os apoios que o Fundo Casa fez para povos indígenas durante sua história.

O impacto desse apoio é de fundamental importância, pois demonstra como a colaboração direta e o conhecimento local podem gerar resultados efetivos na conservação ambiental e na justiça social. E esta amostra, de 8% dos apoios do Fundo Casa que conseguiram proteger 63 milhões de hectares, consegue dar uma ideia do que se protegeu com os 727 projetos indígenas apoiados ao longo de sua história, a 182 das 305 etnias reconhecidas no Brasil. Um marco histórico.

Um incentivo destacado no documento foi o apoio para a compra de equipamentos de tecnologia para monitorar e relatar ameaças às terras indígenas, resultando na identificação e prisão de madeireiros e mineradores ilegais. Durante os incêndios na Amazônia em 2019, a organização ajudou a proteger áreas florestais e ofereceu apoio a brigadas locais no bioma Pantanal. O impacto positivo dessas ações foi tão significativo que o programa foi estendido nos anos seguintes.

A pesquisa da Bridgespan ressalta a importância desses fundos colaborativos em conectar os doadores com as organizações mais próximas dos problemas, proporcionando um impacto mais significativo e sustentável.

“O Fundo Casa ajuda a fortalecer vozes que frequentemente são silenciadas ou não têm visibilidade”, afirma Puyr Tembé, presidente da Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará.

O relatório da The Bridgespan Group sugere ainda que fundos colaborativos, como o Fundo Casa, são essenciais para alcançar mudanças sistêmicas, oferecendo uma alternativa eficaz à filantropia tradicional. Esses fundos comunitários permitem uma gestão mais eficiente dos recursos e promovem um envolvimento profundo com as comunidades locais, especialmente em regiões que não estão no foco dos financiadores.

Essas estratégias têm permitido que os grupos locais desenvolvam suas capacidades organizacionais e técnicas, aumentando sua resiliência e autonomia. No documento, a fundadora Maria Amália Souza explica a importância dessas abordagens.

“Aquelas grandes organizações se tornaram referência para a filantropia e monopolizaram todo o financiamento, enquanto os ativistas locais não receberam nada. Mas se você não financia as pessoas locais na floresta – os verdadeiros guardiões desses lugares – como vai salvar a floresta?”, questiona Maria Amália Souza, fundadora do Fundo Casa Socioambiental

Essa visão reflete a filosofia central do Fundo Casa, que se concentra em apoiar diretamente aqueles que estão na linha de frente da preservação do meio ambiente.

O Futuro da Filantropia e Conservação

O reconhecimento do Fundo Casa Socioambiental em estudos globais, reforça a importância de modelos de financiamento que priorizam a experiência e o conhecimento local. Com sua abordagem direta e personalizada, demonstra que apoiar diretamente aqueles que estão no centro das ações pode ser a chave para alcançar resultados duradouros e efetivos na conservação ambiental e na justiça social.

O Fundo vem trabalhando um modelo de filantropia colaborativa, demonstrando a importância de recursos financeiros e institucionais direcionados aos grupos de base e na promoção de novos Fundos no Sul Global, como exemplo da Alianza Socioambiental Fondos del Sur, uma 15 rede de fundos de que cobre mais de 50 países na Ásia, África e América Latina, que são parceiros, e aplicam metodologias similares ao Fundo Casa, para captar recursos e apoiar cada vez mais iniciativas em todo o mundo, dando protagonismo às comunidades locais que desenvolvem soluções para a preservação ambiental e para a promoção do equilíbrio climático.

Desde 2005, compromissado com a equidade ambiental e a proteção dos direitos territoriais, o Fundo Casa já apoiou mais de 3500 projetos em 10 países, e continua a desempenhar um papel necessário na conservação dos biomas brasileiros e transfronteiriços. Sua prioridade é viabilizar a defesa das comunidades indígenas, tradicionais e todas as guardiãs de importantes territórios para a manutenção da biodiversidade e regulação do clima do planeta, oferecendo um caminho promissor para enfrentar os desafios ambientais e sociais do futuro, e proporcionando soluções para que a humanidade atual, e futuras gerações, tenham condições de seguir vivendo aqui.

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