Projetos Selecionados: Educação para o bem viver – Apoio às comunidades indígenas pela equidade na educação
É com alegria que o Fundo Casa anuncia o resultado da chamada Educação para o bem viver – Apoio às comunidades indígenas pela equidade na educação, realizada em parceria com a Imaginable Futures.
Foram recebidos 112 projetos nesta chamada, de 21 estados da federação. Devido a alta qualidade dos projetos recebidos, com argumentação consistente, dados e informações relevantes e propostas de atividades criativas, detalhadas e coerentes, a dificuldade na seleção foi enorme.
A chamada, a princípio, previa a seleção de 15 projetos, totalizando o valor de R$750 mil. Diante do resultado surpreendente, o Fundo Casa em articulação com a Imaginable Futures conseguiu ampliar o apoio, alocando mais recursos para permitir a realização de 28 projetos neste período de 2023/2024.
A análise dos 112 projetos revelou o empenho das organizações na elaboração das propostas, com consulta ampla às comunidades e participação efetiva de mulheres, jovens, crianças e idosos na concepção e execução. Demonstrando também a grande importância que as comunidades dão ao processo educativo, seja ele formal, através das escolas criadas pelo estado dentro das áreas indígenas, buscando soluções criativas para as carências das políticas públicas, seja ele como processo orgânico, dentro das tradições, conectando o conhecimento ancestral à vida cotidiana para a formação de pessoas plenas e conhecedoras do meio ambiente onde vivem, promovendo a saúde, o equilíbrio e a valorização do modo tradicional de vida.
Pela própria concentração de Terras Indígenas e população, 72% dos projetos recebidos vieram de organizações indígenas das regiões Norte e Centro-Oeste. A grande maioria (83%) de organizações formalizadas com CNPJ e com histórico de atuação na área de educação. Caso todos os projetos recebidos fossem apoiados, cerca de 16 mil pessoas seriam beneficiadas diretamente e quase 200 mil pessoas impactadas indiretamente.
Entre os temas propostos na chamada, os que mais apareceram nos projetos foram:
- Promover a autodeterminação das comunidades e escolas indígenas, garantindo a autonomia e protagonismo local e indígena (85 propostas);
- Valorizar e promover as línguas indígenas (73 propostas);
- Fomentar o reconhecimento dos detentores dos saberes tradicionais (80 propostas);
- Promover a escuta atenta aos anciãos das aldeias para o fortalecimento espiritual, decolonização do pensamento e dos modos de produção de conhecimento (70 propostas).
A chamada Educação para o bem viver – Apoio às comunidades indígenas pela equidade na educação, foi construída a partir da escuta das comunidades e da identificação de suas necessidades para superação dos desafios para uma educação mais equitativa.
Partimos da constatação de que os desafios no campo da educação indígena são diversos e envolvem desde a falta de infraestrutura básica nas escolas, a falta de formação e reconhecimento dos profissionais indígenas da educação, a dificuldade no acesso e permanência dos estudantes nos espaços de ensino, a garantia de direitos fundamentais reconhecidos na constituição para uma educação diferenciada e também a valorização de espaços e formatos não formais de educação, dos saberes ancestrais, do conhecimento dos anciãos.
Apesar de muitas respostas a esses desafios dependerem de políticas públicas, entendemos que as comunidades e organizações da sociedade civil podem contribuir muito, estando atentos, informados e mobilizados quanto ao funcionamento dessas políticas públicas e também produzindo suas próprias soluções criativas, inovadoras, muitas com potencial de serem replicadas e adotadas por estados e municípios, provocando as mudanças que desejamos.
Acreditamos na potência das propostas aprovadas nesta chamada e estaremos atentos aos resultados, na esperança de estarmos contribuindo efetivamente para uma melhoria nessa área da educação indígena tão desassistida em nosso país, tanto pelas políticas públicas quanto pela filantropia.
Confira abaixo a lista de projetos selecionados:
Organização |
Título do projeto |
|
1 |
Fórum de Educação Escolar e Saúde Indígena do Amazonas – FOREEIA |
Multiplicadores para o fortalecimento das Línguas Indígenas nos Territórios Etnoeducacionais (TEE) do estado do Amazonas |
2 |
Associação de Pais e Professores (APP) |
Narrativas Guarani Kaiowá no contexto escolar |
3 |
Associação Indígena Mybá-Guarani Tenonde Porã |
Kyringue Vy’a Criança Feliz |
4 |
Associação das produtoras indígenas de panela de barro |
Educação intercultural: Fortalecendo a cultura local do povo Macuxi da Raposa |
5 |
Associação Comunitária do Amarelão – ACA |
Educação Escolar Indígena: valorização de professores e fortalecimento dos conhecimentos tradicionais |
6 |
ASDEC – Associação de Desenvolvimento Comunitário do Povo Marubo Rio Curuçá |
Escola Manã Nawa – A escola de inclusão dos nossos modos de vida. |
7 |
Associação Indígena Kiriri da Aldeia Pau Ferro- AIKAPF |
Espaços Educativos |
8 |
Associação Extrativista do Rio Kabitutu Wuyxaximã – ASERK |
Fortalecimento e retomada do conhecimento ancestral Munduruku (wuybabi) nas escolas do rio Kabitutu |
9 |
Organização dos professores indígenas do Acre – OPIAC |
Troca de sementes e experiências pedagógicas: a atuação dos professores indígenas enquanto replicadores do conhecimento tradicional |
10 |
Associação Terra Indígena Xingu – ATIX |
1º Encontro da Educação Escolar Indígena do TIX – Território Indígena do Xingu |
11 |
Coletivo Mura de Porto Velho |
Recuperação de modos de ensinar e aprender por maio da pedagogia da afirmação indígena |
12 |
Associação das Mulheres Indígenas do Distrito de Iauarete (AMIDI) |
Tecendo os Princípios da Educação Escolar Indígena no Distrito de Iauaretê |
13 |
Organização baniwa e koripako nadzoeri (nadzoeri) |
VI Encontro de Educação Baniwa e Koripako: avaliação comunitária intercultural dos projetos pedagógicos no território do Içana (1998-2023) |
14 |
Associação Indígena Matis |
Encontro para a Educação Escolar Indígena do Vale do Javari |
15 |
Associação Indígena Apinajé PYKA MÉX |
Educação indígena e educação escolar indígena – diálogos e caminhos para uma formação voltada para o bem-viver do povo Apinajé |
16 |
AIPA – Associação Indígena do Povo das Águas |
Fortalecimento da Educação Escolar do Povo das Águas |
17 |
Grupo Amigos da Escola Pamaali-GRAEP |
Wadzeeka Wamadzerhoka – Arte e Musicas Baniwas e Koripakos |
18 |
APOINME – Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo |
Txuhap! |
19 |
Associação Indigena UTAPINOPONA – TUYUCA |
Fortalecimento Escola TUYUCA |
20 |
Associação Pamaur do Clã Makor do Povo Paiter/Surui da Terra Indígena Sete de Setembro |
Revitalização do Centro Escola Cultural Pawetinga |
21 |
Associação Indígena Kariri de Crateús (A-I-KA-CRA) |
Oca dos Saberes da Aldeia Maratoan |
22 |
Conselho da Escola Estadual Indígena Duque de Caxias (CEDC) |
Conclusão e implantação do PPP de Centro de Formação Acadêmica Intercultural Maadoodo. |
23 |
Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – FOIRN |
Artes indígenas Oficinas de artesanato, teatro, literatura e redação |
24 |
Aldeia Indigena Itakupe |
Mbaraete Escola Viva |
25 |
A.C.A. Associação da Comunidade da Aldeia |
Projeto Koxunákopoti kíxoku vitukeovo Tereno’e – Fortalecendo Raízes Terena |
26 |
Conselho Indígena Tupinambá do Baixo Tapajós CITUPI |
(Re)construção de aparatos legais de educação escolar indígena no território Tupinambá articulando saberes e práticas do bem viver |
27 |
Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá – OPIJU |
Reconstruindo os Caminhos na Educação |
28 |
Associação Floresta Protegida |
Mẽ kute abēn djê do povo Mēbêngôkre: o uso dos termos de parentesco e sua relevância para as relações Mēbêngôkre |
As organizações e projetos selecionados serão contatos nos próximos dias através do e-mail informado no formulário de inscrição.