Unindo justiça ambiental e a realidade de pessoas com deficiência para renovar esperanças
Por Attilio Zolin com informações de Eduardo Alfredo Moraes Guimarães – ITC
Em 2019 o Fundo Socioambiental CASA aceitou o desafio de realizar uma chamada de projetos que unisse a Justiça Ambiental com a Realidade de Pessoas com Deficiência. O primeiro projeto apoiado com essa temática já está em andamento, uma iniciativa do ITC – Instituto de Terapia Corporal para o Desenvolvimento Humano e Comunitário — organização baiana que oferece cursos e terapias alternativas de forma gratuita em Salvador e região — em parceria com a Agrossilvicultura São Cosme e Damião.
O projeto denominado A ancestralidade indígena e africana no burburinho do Assentamento de Reforma Agrária, teve o início de suas atividades no último domingo, 08 de setembro. Durante o evento de lançamento, as pessoas presentes participaram de uma dinâmica sobre agrofloresta e sustentabilidade.
A comunidade do Assentamento Floresta do Sul, Município de Maraú – BA, enfrenta no momento uma grande dificuldade de manter seus jovens ativos e interessados nas tradições locais. Frente à falta de perspectiva, muitos se mudam para a cidade grande onde podem ganhar salários maiores. Restam na comunidade os idosos, muitos com grandes problemas de mobilidade devido aos longos anos de trabalho árduo nas lavouras de cacau da região, além de acidentes de trabalho.
Uma das demandas mais importantes da comunidade no momento é a construção de uma casa de farinha e parte dos recursos do projeto apoiado serão destinados para esta finalidade. Hoje, a mandioca do assentamento é processada no Quilombo do Empata Viagem, localizado a cerca de 10 quilômetros de distância da agrovila principal. Percorrer essa grande distância não é uma tarefa fácil, principalmente para os idosos. Além disso, a farinha produzida até então é dividida com o dono da casa de farinha. A expectativa é que a construção da casa de farinha no assentamento desperte o interesse dos mais jovens para as tradições mantidas de geração em geração.
Neste primeiro dia de atividades do projeto, a equipe de terapeutas do ITC realizou um cadastramento das pessoas presentes, levantado as condições de saúde. Patrícia, fisioterapeuta do ITC, atendeu as pessoas idosas com atenção especial às acamadas. Segundo Eduardo Guimarães do ITC: “Nas consultas ficou claro o estado de abandono em que vivem as pessoas. O filho de Zé Pequeno é um exemplo desse abandono do poder público. Há seis anos encontra-se acamado em decorrência de um acidente. Com fraturas na coluna não consegue mover os membros inferiores. Hoje, os membros superiores encontram-se também paralisados em decorrência da ausência de um trabalho de fisioterapia adequado.”
A equipe do ITC e parceiros do projeto sabem que é praticamente impossível reverter os problemas de saúde destas pessoas, mas é certo que a iniciativa traz atenção e carinho para elas além de um atendimento diferenciado, renovando as esperanças que aos poucos podem brotar e florescer novamente.