A sabedoria do uso da terra como saída estratégica para uma boa saúde alimentar
O Projeto Ayê da Associação Casa Preta, é desenvolvido em Caratateua, conhecida popularmente como Outeiro, é uma das 39 ilhas de Belém, capital do Estado do Pará, e também a mais próxima. Possui cerca de 50 mil habitantes e, dentre as suas principais atividades econômicas estão comércio, caça/pesca, administração pública, transporte e serviços.
Dentre os principais problemas socioambientais na comunidade que motivaram a elaboração do projeto, a violência urbana por questões de gênero, a segurança alimentar e saúde, e a intolerância religiosa ligada ao racismo são identificadas como as mais importantes. Tais problemas contrastam fortemente com o fato de existerem em Outeiro um grande número de Casas de Matriz Africana, além de possuir uma forte cultura ribeirinha e afroamazônica. Tudo isso potencializado pelo protagonismo da mulher no front nas diversas iniciativas da comunidade e o riquíssimo bioma natural amazônico.
Dentro das áreas de atuação do projeto a agricultura urbana e segurança alimentar, o fortalecimento institucional comunitário e a participação social se traduzem na sabedoria do uso da terra como saída estratégica para um boa saúde alimentar através da orientação adequada aos povos de Matriz Africana, que usam a floresta para fins litúrgicos, assim como o combate a intolerância. Como temas transversais, o projeto também ataca os altos índices de violência urbana, especialmente com mulheres e jovens.
Dentro do público diretamente atingido pelo projeto, estão as matriarcas da comunidade, que são beneficiadas com uma formação, através de oficinas, e que tem como objetivo também mostrar para outras mulheres a importância na manutenção e criação de novos espaços. Além disso, a Casa Preta aproveitou o diagnóstico feito para conhecer e criar novas parcerias com os Catadores de Resíduos da ilha.
Como estratégia do projeto, a organização fará mobilizações para atingir diretamente jovens, mulheres e ribeirinhos, através da movimentação com Tambores e da Rádio FM da própria organização. Além disso, fazem visitas a campo, na perspectiva de se criar vínculos ou interesses pela troca de saberes, utilizando Rodas de Conversas com o objetivo de que a Terra seja o grande elo de ligação entre eles na perspectiva da agricultura urbana e ancestral.