29.04.2019

O bambu como material de emancipação construtiva para mulheres

Por Laura Gurgel | SER

A Associação Arquitetas Sem Fronteiras – ASF é uma organização da sociedade civil com mais de 10 anos de atuação em Belo Horizonte. O projeto capacitou dois grupos de mulheres que vivenciam contextos distintos. Um dos grupos é composto por mulheres moradoras de Ravena, região metropolitana de Belo Horizonte, onde a população sofre com desemprego e com a precariedade dos serviços e equipamentos públicos existentes. Diante deste contexto, as mulheres da comunidade em parceria com o CERBAMBU alimentam o sonho de construir uma creche comunitária com as próprias mãos utilizando o bambu como material de construção. O outro grupo de mulheres vivem nas ocupações urbanas de Belo Horizonte e vivenciam, diariamente, a luta pela moradia. A ASF propôs a capacitação em bambu por acreditar na contribuição do material e sua técnica para a melhoria das moradias, uma vez que o bambu, oferece a possibilidade de construção de um amplo espectro de elementos construtivos.

A ausência de políticas públicas, à deficiência de equipamentos públicos, o desemprego, o déficit habitacional, a necessidade de afirmação das mulheres na construção civil e uso de materiais convencionais poluidores na construção civil são alguns dos problemas identificados na região, que contrastam fortemente com a força das mulheres e do povo negro que luta pelos seus direitos, principalmente, pelo direito à moradia e emprego digna. Por isso, o ensino da técnica de aproveitamento do bambu à essas mulheres proporcionou novas soluções sustentáveis para áreas degradadas do espaço urbano, uma vez que o bambu e o seu plantio se apresenta, atualmente, como eficiente forma de proteção de encostas.

Dentro das atividades ocorridas no projeto estão encontros, debates e palestras sobre empreendedorismo e formação humana em parceria com o CRAS de Ravena e a CERBAMBU que cedeu o espaço para as oficinas. Dessa forma, pretendeu-se abordar também questões como o desconhecimento acerca de direitos humanos e, especificamente, o direitos da mulher, desconhecimento acerca de como acessar as políticas públicas e os espaços de participação, proporcionando autonomia às mulheres tanto na tomada de decisões acerca do espaço em que vivem, quanto na renda familiar.

A ASF entende que as mulheres aprendizes serão multiplicadoras do conhecimento sócio-político no território. As técnicas aprendidas também serão replicadas pelas mulheres através da produção de biojóias tendo o bambu como matéria prima. Com o plantio de mudas no território, será possível obter a matéria-prima para o futuro.

A replicabilidade do projeto é altíssima já que o bambu é um recurso natural renovável, biodegradável com uma grande variedade de usos, desde a produção de tecidos, passando pela alimentação até a construção civil. No território brasileiro a planta é abundante em variadas espécies e se adéqua aos diversos tipos de solo e clima, podendo proporcionar a independência construtiva e gerar trabalho e renda.

Conheça outros projetos incríveis apoiados pelo Programa CASA Cidades em: https://casacidades.casa.org.br.

O programa CASA Cidades é uma realização do Fundo Socioambiental CASA em parceria com o Fundo Socioambiental CAIXA e Fundação OAK.

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