22.10.2018

Cocôzap – Projeto pretende mapaer e gerar incidência política para saneamento básico em favelas no RJ

A matéria abaixo foi elaborada por representantes de um projeto apoiado pelo Fundo Socioambiental CASA em parceria com o Fundo Socioambiental CAIXA e Fundação Oak através do Programa CASA Cidades. Saiba mais sobre o #casacidades em casacidades.casa.org.br.

Por Data Labe

O data_labe é um laboratório de dados e narrativas no Complexo da Maré, temos três eixos de trabalho: formação, produção de conteúdo e geração cidadã de dados. As residências são o principal fluxo para nosso eixo de formação: a cada nova proposta de produção, recebemos pessoas de experiências profissionais e vivências diversas para processos imersivos de troca de aprendizagens e construções em colaboração.

O cocôzap é uma dessas residências: é a nossa terceira do ano. Um projeto piloto de formação, mapeamento e incidência política para saneamento básico em favelas. Estamos na primeira fase e, nesse momento, o projeto está sendo implementado nas margens do Canal do Cunha, onde está a Maré, uma das maiores favelas do Rio de Janeiro, localizada entre o Aeroporto Internacional e a Universidade Federal, UFRJ – mas que detém indicadores socioeconômicos muito abaixo da média das pessoas que frequentam estes dois espaços citados.

Nosso objetivo é construir uma base de dados sobre a situação sanitária de parte do Complexo da Maré, que tem, ao todo, 16 favelas, com denúncias dos próprios moradores, através de um número de WhatsApp. Com o apoio do Casa Cidades, inicialmente, vamos mapear a coleta de lixo e o saneamento de partes de três favelas da Maré: Nova Holanda, Parque Maré e Parque União. A ideia é que o projeto inspire novas soluções para antigos desafios, a partir do saneamento básico e mirando uma agenda de desenvolvimento sustentável e, a partir da Maré, olhar para toda a região metropolitana do Rio de Janeiro.

Através do WhatsApp, os moradores dessas três favelas vão colaborar com o mapeamento enviando fotos e a localização do esgoto a céu aberto e dos acúmulos de lixo do território. Com isso, o data_labe pretende trazer o conceito de geração cidadã de dados com a participação ativa e consciente dos moradores da Maré na construção de uma base de dados que pode vir a se tornar parte do projeto incidência política na garantia de saneamento básico no local.


*A equipe do data_labe e os jovens selecionados, no primeiro dia da residência*

Para colocar a residência em prática, selecionamos quatro jovens moradores da Maré que vão construir o plano de mobilização e uma reportagem investigativa junto com a gente baseada em dados sobre o saneamento básico e a coleta de lixo da Maré. Esses jovens vão se dividir em duas duplas: duas mobilizadoras e dois pesquisadores. A dupla de mobilizadoras vai circular pelas ruas da Maré apresentando e divulgando o número de WhatsApp do cocôzap, enquanto a dupla de pesquisadores vai construir a reportagem sobre as políticas de saneamento em favelas no Rio de Janeiro.

COCÔZAP, O INÍCIO

No primeiro mês do projeto, os jovens passaram por um período de formação que faz parte do nosso esquema de residências. Apresentamos o que é o jornalismo de dados e como, a partir de dados públicos disponíveis em formato aberto, é possível criar narrativas com novos pontos de vista. Os jovens entraram em contato com ferramentas de busca, raspagem, limpeza, análise e visualização de dados gratuitas e disponíveis on-line. Também mostramos como acionar a Lei de Acesso à Informação para obter informações públicas e como o acesso a essas informações é um direito nosso como cidadãos. Os quatro jovens também participaram de uma oficina de programação em R com Paulo Mota, voluntário doutorando em saúde coletiva na Universidade Federal do Rio de Janeiro e nosso parceiro na construção do sistema de construção da base de dados via WhatsApp.

A Gabi Roza, repórter da Agência Pública, foi nossa convidada para falar sobre a série de vídeos-reportagem em 360º sobre a Baía de Guanabara. São quatro vídeos que você pode ver aqui. Durante a conversa, os jovens puderam compreender como a narrativa jornalística pode ser usada de diferentes formas para contar uma história e como a Baía de Guanabara é importante quando se pensa em política de saneamento na cidade do Rio de Janeiro.

Conversamos com a Ane Peixoto, especialista em saneamento básico e vice-diretora e do Engenheiro Sem Fronteiras do núcleo do Rio de Janeiro. Durante a aula, os residentes puderam conhecer o panorama do saneamento básico da cidade, como o saneamento está ligado à saúde da população, quais são as políticas públicas voltadas para a área e as principais pautas no Estado do Rio.


*Dia de bate papo sobre saneamento! A convidada Ane Peixoto e os residentes*

Na terceira semana, fizemos um passeio de bicicleta pelo trecho que vai ser mapeado pelo cocôzap. Começamos no local onde estão as unidades da CEDAE e da Comlurb na Maré e continuamos o passeio beirando o valão da Nova Holanda. Seguimos pela Divisa, um dos trechos mais afetados pelo acúmulo de lixo, e chegamos até o valão do Parque União, onde a falta de saneamento e o esgoto a céu aberto podem ser percebidos a olhos vistos. O passeio foi importante porque os residentes puderam re-conhecer o seu território, dessa vez com os olhos voltados para situação do lixo e do esgoto no complexo da Maré.


*Na foto, o canal próximo a Divisa, localidade do Complexo da Maré*

Resgatar a memória da Maré é um ponto importante para a construção da narrativa e para entender a formação do território. Por isso, fizemos uma visita ao Museu da Maré que conta as origens das favelas do complexo, a construção das casas, como os moradores passaram a ter acesso à água, a questão do trabalho que fez parte da construção do território, entre outras coisas. Além disso, os residentes tiveram acesso a fotografias das casas de palafita da Nova Holanda, muito comuns nos primeiros anos de formação da Maré.


*Os residentes e Clara Sacco, coordenadora do datalabe, em dia de visita ao Museu da Maré*

Nos próximos meses, os residentes vão partir para a ação. Vamos começar a mobilização com os moradores e com os atores estratégicos no território – ONGs parceiras, associação de moradores, escolas, postos de saúde e coletivos da Maré – para divulgar o número de WhatsApp. Enquanto isso, nossa dupla de pesquisadores segue nas investigações sobre a história mareense e as políticas públicas de saneamento básico para as favelas e periferias da cidade. Acompanhe tudo pelas nossas redes:

Conheça outros projetos incríveis apoiados pelo Programa CASA Cidades em: https://casacidades.casa.org.br.

O programa CASA Cidades é uma realização do Fundo Socioambiental CASA em parceria com o Fundo Socioambiental CAIXA e Fundação OAK.

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