Relatório 2023 do Fundo Casa Socioambiental: R$ 55 milhões em apoios a projetos em todo o Brasil e no Sul Global com reconhecimento internacional
Em 2023, o Fundo Casa Socioambiental bateu novos recordes ao apoiar um valor histórico de mais de R$ 55 milhões distribuídos entre 434 projetos. O relatório anual revela um aumento significativo no apoio direto a iniciativas socioambientais no Brasil e o fortalecimento de fundos parceiros no Sul Global. Esses resultados reforçam o compromisso no apoio a soluções locais baseadas na natureza e na justiça climática, além de consolidar sua influência em um contexto internacional da filantropia.
Em um ano que foi marcado por importantes avanços para os povos indígenas, como a criação do Ministério dos Povos Indígenas, e pelo reconhecimento internacional da relevância das comunidades locais e tradicionais na preservação dos biomas, Cristina Orpheo, Diretora Executiva do Fundo Casa Socioambiental, ressalta a relevância desse período.
“O Brasil foi marcado por eventos históricos, especialmente para os povos indígenas, que finalmente receberam reconhecimento político com o estabelecimento do inédito Ministério dos Povos Indígenas. Liderado por uma mulher, o Ministério foi uma grande conquista, resultado da longa e árdua luta dos povos que, por milênios, têm protegido as florestas e a biodiversidade deste país.” Cristina Orpheo, Diretora Executiva do Fundo Casa
Cristina Orpheo também aborda os desafios, ressaltando que “no mesmo momento em que o Brasil se preparava para sua retomada democrática, ele também sofreu, os cada vez mais frequentes, impactos das mudanças climáticas, evidenciando a urgência em combater as desigualdades”.
Em resposta a esses desafios, o Fundo Casa concentrou seus esforços em três linhas estratégias, direcionando recursos financeiros diretamente para comunidades locais para fortalecer sua resiliência; investindo no fortalecimento de mecanismos de financiamento regional no Brasil e no Sul Global; e promovendo uma filantropia estratégica, com a produção de conhecimentos e publicações para destacar o potencial das soluções locais no cenário global.
O relatório anual destaca que o Fundo Casa apoiou projetos focados em temas como Transição Energética Justa, Restauração Florestal, Agroecologia, Segurança e Vigilância Territorial. Cada chamada foi desenhada para fortalecer a resiliência das comunidades locais frente às mudanças climáticas e às pressões econômicas e sociais.
Fortalecendo raízes e impulsionando comunidades em 2023
De acordo com o relatório anual, em 2023, o Fundo Casa reafirmou seu compromisso com as comunidades tradicionais e a defesa dos direitos socioambientais, destinando 60% de seus recursos a quilombolas, indígenas, pescadores artesanais e extrativistas. Mais de R$14 milhões foram investidos diretamente nessas comunidades, essenciais para o equilíbrio climático no planeta. O Fundo Casa também manteve seu compromisso com a equidade de gênero, destinando 56% dos apoios a projetos liderados por mulheres.
A defesa dos direitos humanos e ambientais também foi uma prioridade. Foram apoiados diretamente 29 defensoras e defensores de direitos humanos e do meio ambiente, totalizando R$369 mil em doações. Desde a criação do Programa de Apoio a Defensoras e Defensores de Meio Ambiente e Justiça Climática, em 2019, o Fundo já destinou aproximadamente R$3,8 milhões para essas pessoas, que muitas vezes enfrentam riscos significativos em suas atividades de proteção dos biomas e dos direitos coletivos.
Em termos de distribuição, a Amazônia foi o bioma que mais recebeu apoio, com 36,9% dos recursos direcionados para 157 projetos. Outros biomas beneficiados incluíram o Cerrado (19,5%), Mata Atlântica (26,1%), Caatinga (8,5%), Pampa (1,9%) e Pantanal (0,5%).
Fundo Casa avança globalmente e recebe reconhecimento internacional
No campo internacional, o Fundo Casa destinou R$32,8 milhões para apoiar 8 fundos na América Latina, África e Ásia, no contexto da Alianza Socioambiental Fondos del Sur. Esses fundos, por sua vez, apoiaram 265 projetos, reforçando a estratégia de fortalecimento dos fundos locais do Sul Global. Desde 2016, o Fundo Casa compartilha suas experiências para apoiar a criação e fortalecer novos fundos locais, demonstrando que estes atores podem gerir recursos de forma eficaz e escalável. Em 2023, o apoio incluiu estratégias de monitoramento e fortalecimento de vínculos, ampliando o impacto de suas ações.
Maria Amália Souza, fundadora do Fundo Casa, destacou os prêmios recebidos em 2023, incluindo o “16 Mulheres Restaurando o Planeta”, da Global Landscapes Forum, e o Prêmio J. Blanton Belk de Serviços Extraordinários para a Humanidade da Up With People. Ela afirmou que esses prêmios são um reconhecimento do trabalho contínuo e comprometido do Fundo Casa:
“Na verdade, esses prêmios têm a ver com o reconhecimento do trabalho dedicado, persistente e quase teimoso que o Fundo Casa foi capaz de realizar no mundo até hoje.” Maria Amália Souza
O Fundo Casa também foi reconhecido e citado como um modelo eficaz de acesso a recursos filantrópicos para defensores das florestas, entre dez casos descritos no estudo “Construindo caminhos resilientes“, realizado pela Forest Tenure Funders Group, encomendado pela Fundação Ford. “Fomos também autores e participantes ativos em vários artigos e eventos internacionais sobre os necessários avanços da filantropia mundial”, acrescentou Maria Amália Souza.
Com uma delegação de 17 representantes, o Fundo Casa participou da COP 28 em Dubai e preparou 55 líderes comunitários por meio da Jornada de Formação, visando influenciar as negociações internacionais sobre o financiamento para mudanças climáticas.
Às vésperas de comemorar duas décadas de Fundo Casa, Maria Amália Souza reflete sobre a trajetória da organização.
“Em 2025, completam-se 40 anos das primeiras sementes que surgiram em mim sobre um mecanismo para viabilizar o acesso a recursos para os povos protetores dos grandes biomas da nossa região. […] Construímos o Fundo Casa em 2005; 20 anos depois desse início, e com a experiência acumulada, entendemos muito melhor os processos que poderiam transformar esse cenário. Fomos desbravando caminhos, já que explicar algo tão inovador não era fácil, e nos custou cerca de dez anos para que a filantropia internacional começasse a compreender nosso diferencial: o olhar sistêmico e de grande alcance que temos.” – Maria Amália Souza, fundadora do Fundo Casa Socioambiental
Em 2024, o Fundo Casa segue firme em sua missão, com renovada energia e comprometimento para os desafios futuros. A mobilização de recursos adicionais e o fortalecimento de parcerias permanecem como prioridades para enfrentar as demandas crescentes e garantir um futuro mais sustentável e equitativo.
Clique aqui e acesse a publicação completa.