21.07.2023

Maria Amália Souza, fundadora do Fundo Casa, recebe o Prêmio J. Blanton Belk por sua contribuição à humanidade

Maria Amália Souza, fundadora e Diretora de Desenvolvimento Estratégico do Fundo Casa Socioambiental, foi a escolhida em 2023 para receber o Prêmio J. Blanton Belk para Ex-Aluno(a) Excepcional, a mais alta honraria oferecida pela Associação Internacional dos Ex-Alunos do Up With People (UWPIAA).  O Prêmio é dedicado a ex-alunos(as) que fizeram uma contribuição excepcional à humanidade. 

Clique aqui para assistir a entrega da premiação.

A Up with People foi fundada em 1965 por J. Blanton Belk para proporcionar a jovens adultos uma experiência única de interagir com o mundo através da positividade e da música.  Mais de 22.000 jovens passaram por essa experiência, que envolvia um ano viajando pelo mundo com um show musical internacional e vivências de serviço comunitário.  Amália, com 20 anos, chegou a visitar 5 países e foi hospedada por mais de 70 famílias em locais em que o grupo chegava para fazer o show e visitar instituições locais.  

Maria Amália Souza com J. Blanton Belk, fundador da Up With People, e sua esposa Elizabeth (Betty) Belk.

Segundo Maria Amália, “Essa visão única do mundo e das pessoas, combinado com as ferramentas de gestão, relações públicas e humanas, e a compreensão do que um grande sonho pode produzir de bom no mundo, foram grande inspiração para acreditar que era possível mudar também a forma como a humanidade se relaciona com o planeta.  E principalmente, tentar mudar como a filantropia poderia entender que, se queremos um mundo em que os humanos possam continuar vivendo, temos que mudar rapidamente e em grande escala, o direcionamento dos recursos da filantropia também, para fortalecer, proteger e respeitar o papel único dos guardiões dos lugares de maior biodiversidade do planeta, aqueles onde a terra descansa… e mantém as condições propícias à manutenção da Vida.”  

A intenção do UWP sempre foi reunir pessoas em prol do bem comum, independentemente de ideologia, afiliação política, etnia, raça ou afiliação religiosa, oferecendo uma visão tão única e múltipla do mundo, que pudesse inspirar em cada um a dedicação para construir um mundo melhor. 

Foi exatamente o que aconteceu com Amália, uma vida de dedicação completa a criar ferramentas e mecanismos que pudessem viabilizar o engajamento e o fortalecimento dos verdadeiros guardiões dos grandes biomas da América do Sul, e do planeta.  

Maria Amália Souza e o líder indígena Ailton Krenak em 1989, na cerimônia onde Krenak recebeu o prêmio Letellier-Moffit de Direitos Humanos, Washington DC. Foto: Arquivo pessoal

Por 38 anos, Maria Amália dedicou-se a projetar estratégias sistêmicas para garantir que recursos filantrópicos cheguem aos grupos de base comunitária mais excluídos e vulneráveis, protetores de alguns dos lugares mais importantes e ricos em biodiversidade da Terra. Ela trabalhou com ONGs internacionais, prestou consultoria a empresas em suas avaliações de investimento social e colaborou com redes globais que atuam na proteção ambiental, abordando os efeitos das mudanças climáticas e como combatê-las.

Após sua experiência de um ano com o Up With People em 1983, com uma nova perspectiva global e motivação para servir aos outros, Amália ingressou no World College West, na Califórnia, e obteve um diploma em Serviços Internacionais e Desenvolvimento e Estudos Ambientais. Durante esse período, ela conheceu um movimento global incipiente que se organizava para salvar os lugares naturais mais importantes do planeta, rios, florestas, e tantos outros.  E foi então que conheceu o movimento indigena no Brasil, através do encontro com Ailton Krenak numa conferência em 1986, com quem passou a trabalhar nos seguintes anos.

Amália navega no Rio Jordão, a caminho da terra do povo Huni Kuin, em 2000, no Acre. Foto: Joseane Daher

Foi também durante esses anos que ela foi apresentada ao mundo das instituições filantrópicas, e percebeu a diferença entre a disponibilidade que havia para apoiar organizações civis no Norte Global, e no Sul.  Enquanto em 4 anos essas instituições cresceram rapidamente, recursos para os verdadeiros guardiões dos grandes biomas planetários sempre foram escassos, ou inexistentes.   Então começou a considerar como obter recursos para as mãos dos povos indígenas da Floresta Amazônica, eventualmente para a América do Sul, e atualmente, como inspiradora de um movimento global de fundos locais, para todos os grandes biomas que mantém a vida do planeta em equilíbrio. 

Além de direcionar o desenvolvimento estratégico do Fundo Casa, Maria Amália também faz parte do Conselho Diretor da AIDA – Associação Interamericana para a Defesa Ambiental, integra o Comitê de Orientação da HRFN – Rede Global de Financiadores de Direitos Humanos, The Ocean Foundation, e lidera o envolvimento do Fundo Casa em uma série de redes e consórcios relacionados ao campo da filantropia internacional, escrevendo artigos para revistas e mídia especializada nesse campo, assim como entrevistas e orientações de estudos.  Nos últimos anos, Amália tem sido uma palestrante muito procurada em inúmeros simpósios internacionais. 

Maria Amália Souza se dedica a desenhar estratégias sistêmicas para assegurar que recursos filantrópicos cheguem aos grupos de base comunitária mais excluídos e vulneráveis. Em 2016, esteve entre 7 finalistas globais para o Prêmio Olga Alexeeva para inovadores na filantropia do Sul Global.

Sua experiência internacional, tendo visitado 60 países durante sua vida profissional, tem facilitado seu posicionamento junto às discussões globais sobre filantropia Norte/Sul.  Nesses eventos, ela representa o Fundo Casa e contribui com temas como a importância dos fundos locais no Sul Global e o que eles acrescentam ao campo consolidado da filantropia, o papel da proteção de grupos comunitários na manutenção dos biomas importantes que controlam o equilíbrio climático e os impactos dessas mudanças em suas vidas. Outros tópicos incluem a proteção dos direitos dos defensores ambientais, justiça de gênero, filantropia comunitária, construção de filantropia nos países do Sul Global, entre outros temas. 

Em março de 2023, Maria Amália foi uma das 16 mulheres homenageadas pela Global Landscape Fórum por suas contribuições no campo da filantropia, possibilitando que recursos cheguem aos defensores e defensoras dos grandes biomas sulamericanos.

Em 2016, Maria Amália foi uma das sete finalistas globais de cinco continentes diferentes (e a única finalista da América do Sul) para o prestigioso Prêmio Memorial Olga Alexeeva em inovação no campo da filantropia comunitária inovadora no Sul Global. Alexeeva, fundadora da Philanthropy Bridge Network, ganhou destaque como líder em sua Rússia natal, e depois liderando a carteira de grandes doadores individuais para a CAF-Charities Aid Fnd UK, era considerada a inspiração e o motor por trás de muitas inovações no setor filantrópico emergente, onde sua integridade, valores e paixão a tornaram um modelo a ser seguido por novos líderes emergentes no setor. Criado para celebrar o legado de sua homônima, o Prêmio, patrocinado pela revista Alliance, é concedido anualmente por um painel de juízes internacionais a um indivíduo “que demonstrou liderança notável, criatividade e resultados no desenvolvimento da filantropia para a mudança social progressiva em um país ou países de mercado emergente”.

Para marcar o Dia Internacional da Mulher das Nações Unidas, ocorrido em 8 de março deste ano, o Global Landscapes Forum homenageou 16 Mulheres que Restauram a Terra (Edição 2023), reconhecendo dezesseis mulheres na linha de frente das crises climáticas e da biodiversidade. Essas mulheres excepcionais representam a inovação em ciência, tecnologia, arte, política pública, negócios sustentáveis, ativismo ambiental, jornalismo, litigância, finanças climáticas, negociações internacionais de tratados climáticos e restauração de ecossistemas locais em todo o mundo. Maria Amália Souza, foi uma dessas homenageadas devido às suas relevantes contribuições ao campo da filantropia.

Maria Amália Souza em 2004. Reunião de planejamento estratégico para a fundação do Fundo Casa. Foto: Arquivo pessoal

“Por décadas, vimos recursos para proteger grandes biomas, como a Amazônia, Cerrado, ou as áreas úmidas, indo para organizações muito grandes, mas isso nunca foi suficiente para mudar o cenário de ameaças, desafios e devastação desses lugares, muito menos satisfazer os ODS [Objetivos de Desenvolvimento Sustentável] e os acordos climáticos. As pessoas que protegem nossas florestas, terras e biodiversidade são pessoas que vivem lá há centenas e milhares de anos. 80% das florestas em pé neste planeta estão em terras indígenas. O que mais precisamos para nos convencer de que eles estão fazendo o melhor trabalho? Essas pessoas raramente recebem investimentos para poderem proteger suas vidas, seus meios de subsistência e seus territórios. Elas sofrem constantes agressões e violência, mas nunca desistem. Então, inventamos algo diferente que poderia alcançar essas pessoas, não importa onde estivessem, por mais remotas que fossem.

Rapidamente percebi que, para conservar ecossistemas frágeis, precisávamos levar recursos às pessoas que pertencem a esses lugares; aqueles que estão fazendo o trabalho mais árduo e o estão fazendo melhor: os grupos indígenas, as comunidades ribeirinhas e os defensores dos direitos territoriais na linha de frente da proteção ambiental; ninguém pode fazer isso melhor do que eles.” 

Maria Amália Souza

Se a filantropia está no cerne do seu coração, a música está no cerne da sua alma. Amália ama tudo relacionado à música – ela toca violão e piano, e canta de forma admirável. Ela apoia diversos grupos musicais locais e muitas vezes é encontrada se apresentando em cafés e outros locais de música em Cunha, cidade no interior de São Paulo onde vive rodeada pela Mata Atlântica. “Maria Amália tocou o coração e a alma de cada um de seus colegas do Up With People em 1983, e seus esforços continuam a nos inspirar até hoje”, comentam seus colegas que a nominaram para o prêmio. Pela pessoa compassiva que ela é e pelo incrível trabalho que realizou na preservação do futuro de inúmeras comunidades vulneráveis ao redor do mundo, Maria Amália Souza é a ganhadora, em 2023, do Prêmio J. Blanton Belk para Ex-Aluno(a) Excepcional.

A premiação acontece na reunião de 2023 da UWPIAA, no dia 21 de julho de 2023 em Scottsdale, Arizona.

Parabéns, Maria Amália! A Equipe Fundo Casa se orgulha e se alegra por esse reconhecimento à sua pessoa e sua importante contribuição à causa socioambiental.














NEWSLETTER

INSCREVA-SE E FAÇA PARTE DE NOSSA REDE
Ao enviar esse formulário você aceita nossa Política de Privacidade