Retrospectiva 2024 – Um Ano de Avanços e Conquistas no Fundo Casa Socioambiental
O ano de 2024 foi marcado por conquistas significativas para o Fundo Casa Socioambiental, reafirmando seu compromisso com as comunidades locais ao ampliar a escala dos apoios, consolidando sua atuação em diversas frentes. Com mais de 500 projetos apoiados no ano e cerca de R$28,6 milhões destinados a iniciativas de base, o Fundo Casa segue fortalecendo o seu papel como uma das principais organizações da filantropia dedicadas à proteção socioambiental no Brasil, ampliando seu impacto em nível nacional e internacional.
Foram realizadas 12 chamadas de projetos que abordaram temáticas necessárias e urgentes. Temas centrais como resiliência climática, equidade de gênero, comunicação comunitária e direitos humanos estiveram no centro das ações, ampliando o apoio a grupos e territórios vulneráveis em diferentes biomas do país.
A chamada Resiliência Climática e Equidade de Gênero deu início ao ano com propostas voltadas para soluções inclusivas e sustentáveis, garantindo o protagonismo de mulheres e populações em situação de vulnerabilidade. Os 26 projetos selecionados receberam um total de R$1,3 milhão em apoio direto para suas iniciativas.
Em fevereiro, a chamada Comunicação Comunitária e Direitos Humanos buscou fortalecer a atuação de comunicadores locais, vitais no contexto de emergências climáticas e defesa territorial. Foram aprovados 20 projetos, que ao todo receberam quase R$1 milhão em apoio.
Destaque também para as chamadas Amazônia Viva e Amazônia Resiliente II, que reforçaram o papel das comunidades indígenas e tradicionais na preservação ambiental e na proteção de seus territórios ameaçados. O total de projetos apoiados em ambas as chamadas é 109, sendo 52 da primeira e 57 da segunda, com apoio de até R$50 mil para cada organização.
Em um grande passo para o fortalecimento das comunidades da Amazônia, o Fundo Casa lançou a chamada “Defensores ambientais: Vozes pela ação climática”, com o objetivo de fortalecer organizações e redes de defesa de direitos humanos e ambientais na Amazônia Legal. Foram 18 organizações que receberam até R$50 mil para desenvolver seus projetos.
Diante de eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes, o Fundo Casa lançou o Programa de Eventos Climáticos Extremos. O objetivo é apoiar as populações locais no fortalecimento de sua autonomia, resiliência e capacidade de adaptação. A primeira chamada desse novo programa foi a Reconstruir RS – Apoio à Resiliência Climática e Reconstrução Comunitária, criada em resposta às enchentes históricas que devastaram o Rio Grande do Sul em maio de 2024. Focada na resiliência climática e na reconstrução comunitária, a chamada mobilizou recursos e apoio para reerguer modos de vida profundamente afetados pelos desastres ambientais. Foram apoiados 68 projetos no total, com até R$40 mil cada.
A chamada “Transição Energética Justa: Fortalecendo e Aplicando Salvaguardas Sociais e Ambientais”, apoiou comunidades indígenas, quilombolas e pescadores artesanais na busca por alternativas energéticas sustentáveis e justas no Nordeste. O objetivo foi promover uma economia inclusiva, alinhada aos saberes tradicionais e à preservação ambiental, impulsionando a transformação social e sustentável na região. Foram selecionados 20 projetos, que receberam até R$50 mil cada.
Em abril, o Fundo Casa abriu a chamada “Transição Energética Justa e Fortalecimento da Pesca Artesanal”, focada no fortalecimento de comunidades pesqueiras do Norte e Nordeste do Brasil. A iniciativa visou apoiar projetos que defendem os direitos dessas comunidades frente aos impactos negativos dos megaprojetos de energia, promovendo uma transição energética que respeite a natureza e os modos de vida tradicionais. Foram 19 organizações selecionadas que receberam até R$50 mil cada.
Fundo Casa lança primeira chamada voltada às juventudes no enfrentamento ao racismo ambiental
O ano também foi marcado por um importante avanço ao lançar a chamada “Fortalecendo Juventudes no Enfrentamento ao Racismo Ambiental – Apoio a Soluções Climáticas Justas Lideradas por Juventudes Periféricas e de Comunidades Tradicionais”. Pela primeira vez, o Fundo dedicou uma iniciativa exclusiva ao protagonismo de jovens no combate ao racismo ambiental e à busca por soluções climáticas justas.
Com o objetivo de fortalecer movimentos e organizações juvenis para desenvolverem ações locais que enfrentam as múltiplas injustiças agravadas pelas mudanças climáticas. Foram selecionados 35 projetos que receberam até R$50 mil cada para o desenvolvimento de suas ações. Em um contexto de eventos extremos cada vez mais frequentes, jovens de comunidades periféricas e tradicionais enfrentam grandes barreiras para acessar recursos e liderar transformações em seus territórios.
Apoio emergencial às brigadas de incêndios florestais em 2024
O Fundo Casa tem ampliado seu apoio às brigadas voluntárias e comunitárias em várias regiões do Brasil. Em resposta à urgência ambiental, lançou duas chamadas importantes. A Chamada de Apoio Emergencial às Brigadas Voluntárias e Comunitárias, em parceria com o Instituto Itaúsa, destinou recursos para fortalecer brigadas já existentes e permitir uma atuação mais eficaz no combate aos incêndios florestais, principalmente nos biomas mais afetados. Foram selecionados 30 projetos, com um apoio de até R$20 mil reais cada.
Além disso, o Fundo Casa abriu a Chamada para Apoios Estruturantes a Brigadas Voluntárias e Comunitárias, com o objetivo de ampliar as ações preventivas e de combate a incêndios, fortalecendo brigadas existentes e criando novas equipes. Ambas as iniciativas são parte do Programa Casa Fortalecendo Comunidades, que visa impulsionar a autonomia das comunidades locais na proteção territorial e ambiental. Foram apoiados 45 projetos com até R$60 mil cada, um total de mais de R$2,6 milhões em apoios diretos.
A maior chamada da história do Fundo Casa: Teia da Sociobiodiversidade
Entre as conquistas de destaque está a chamada Teia da Sociobiodiversidade, que mobilizou um número recorde de projetos, foram mais de 2 mil projetos inscritos, de todo país. Esta iniciativa, em parceria com o Fundo Socioambiental CAIXA, se destaca como a maior iniciativa já realizada pelos dois fundos, que se uniram para ampliar ainda mais a escala de seus apoios. O programa irá destinar, em duas chamadas, R$40 milhões a 400 projetos em todo o Brasil, com apoio financeiro de até R$100 mil para cada projeto.
Lançada em outubro, a chamada Teia da Sociobiodiversidade tem o objetivo de fortalecer comunidades locais e tradicionais, promovendo o desenvolvimento sustentável e a preservação da biodiversidade. Apresentada durante a COP16 da Biodiversidade na Colômbia, a chamada abrangerá tanto áreas rurais quanto urbanas em biomas brasileiros. Esta é a terceira parceria entre o Fundo Casa e o Fundo Socioambiental CAIXA, consolidando a promoção da bioeconomia e sociobiodiversidade como formas de desenvolvimento local.
Encontros de 2024 fortalecem ações territoriais e educação indígena
Ao longo de 2024, o Fundo Casa promoveu encontros presenciais que fortaleceram diálogos, compartilharam experiências e impulsionaram ações coletivas essenciais para a proteção territorial e a valorização da educação indígena no Brasil.
Em agosto, o encontro Fortalecendo a Governança Territorial ocorreu em São Luís (MA), reunindo 50 representantes de projetos apoiados pelas chamadas “Fortalecimento Comunitário e Defesa de Direitos Territoriais no MATOPIBA” e “Fortalecimento dos Direitos Territoriais Frente a Megaprojetos de Energia.” Durante o evento, foram discutidos temas centrais como ameaças territoriais, boas práticas de governança, economia da sociobiodiversidade e incidência em políticas públicas, reforçando o valor da união e das estratégias coletivas para a proteção dos territórios.
Em setembro, o Fundo Casa realizou o encontro Educação para o Bem Viver, que reuniu lideranças e representantes de projetos indígenas de 14 estados. A iniciativa focou na valorização dos saberes tradicionais, fortalecimento das línguas indígenas e criação de materiais pedagógicos que promovam uma educação intercultural e alinhada aos modos de vida de cada povo. Debates e oficinas enfatizaram a importância do protagonismo das comunidades na definição de políticas educacionais e na preservação cultural.
Os encontros de 2024 evidenciaram a força das comunidades apoiadas pelo Fundo Casa e reforçaram o papel do diálogo e do aprendizado mútuo na busca por soluções que combinam preservação ambiental com justiça social.
Eventos e participações estratégicas
Em 2024, além os encontros com grupos apoiados de diferentes partes do Brasil, estivemos em eventos como o Fórum F20 de Soluções Climáticas, Aquilombar, Cúpula dos Povos, 13º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. Nos dedicamos também na participação em eventos internacionais.
Em maio o Fundo Casa lançou a publicação Fundos de Resposta Rápida – Lições aprendidas no apoio a Defensoras e Defensores de Direitos Humanos e Meio Ambiente no Brasil, a publicação foi composta por aprendizados e lições sobre fundo de resposta rápida para defensores e defensoras de direitos humanos. O lançamento aconteceu em Tbilisi, na Geórgia, durante o Funding Futures Festival (Festival Financiando o Futuro), um evento da HRFN.
Em setembro, em Nova York, o Fundo Casa esteve presente em discussões sobre a importância da filantropia comunitária e o papel essencial das comunidades locais na mitigação dos impactos das mudanças climáticas. Em outubro e novembro de 2024, o Fundo Casa Socioambiental marcou presença em dois eventos internacionais significativos: a COP16 da Biodiversidade e a COP 29, ambas voltadas para a promoção de soluções climáticas e de conservação da biodiversidade.
Na COP 16, realizada em Cali, Colômbia, o Fundo Casa reforçou a importância das comunidades locais na preservação ambiental e destacou a necessidade de apoio contínuo para quem enfrenta as ameaças ao meio ambiente. Durante esse evento, que reuniu mais de 190 países, as discussões focaram no avanço da Meta de Kunming-Montreal e nas soluções colaborativas que valorizam o conhecimento tradicional.
Já na COP29, realizada em Baku, Azerbaijão, o Fundo Casa, com uma delegação de 15 pessoas, debateu o papel essencial dos fundos locais e territoriais na proteção da biodiversidade e na promoção da justiça climática global, reforçando a urgência de estratégias adaptativas eficazes frente à crise climática. A participação do Fundo Casa na COP deste ano também contou com a realização de dois painéis na Zona Azul do evento, onde ocorreram as mais importantes discussões.
Uma publicação que marca caminhos para o futuro
Apoiando Soluções a partir das Tradições é uma publicação que celebra quase duas décadas de atuação do Fundo Casa Socioambiental. Ela apresenta o impacto transformador de apoios diretos às comunidades indígenas, que lideraram 727 projetos e protegeram 63 milhões de hectares na Amazônia entre 2020 e 2022.
Os dados revelam a força dos povos indígenas, que são os verdadeiros guardiões das florestas, no cuidado com os biomas e a urgência de equilibrar a distribuição de apoios, ampliando iniciativas em todas as regiões do Brasil. A publicação destaca como o apoio baseado na confiança e autonomia impulsiona ações concretas de preservação ambiental lideradas por comunidades indígenas.
Mais perto das comunidades e do futuro
Com 532 projetos apoiados, 2024 foi um marco para o Fundo Casa Socioambiental, que continua consolidando sua trajetória como um dos principais fundos filantrópicos de apoio à sociedade civil no Brasil. Essas iniciativas impactaram diretamente milhares de famílias, fortalecendo comunidades locais e promovendo soluções para a preservação da biodiversidade e a justiça social e ambiental.
Em quase duas décadas de atuação, o Fundo Casa avançou em escala e abrangência. Os números de 2024 reafirmam o compromisso com a democratização do acesso a recursos, atendendo regiões historicamente invisibilizadas e ampliando o alcance dos apoios. Essa capilaridade permitiu que mais comunidades liderassem ações transformadoras, especialmente em biomas ameaçados e regiões vulneráveis.
Em 2025, ao comemorar 20 anos de atuação, o Fundo Casa planeja expandir ainda mais sua escala, promovendo novos mecanismos de financiamento e maior abrangência geográfica. A celebração dessas duas décadas é uma reflexão sobre o passado, mas um compromisso com o futuro. Com o apoio contínuo de parceiros e financiadores, o Fundo Casa segue sendo uma ponte crucial entre recursos financeiros e as comunidades que lideram a preservação e a promoção da justiça socioambiental e climática no Brasil, demonstrando que soluções locais têm o poder de gerar mudanças globais.