29.09.2021

Mulheres camponesas de Alagoas promovem ações solidárias conectando campo e cidade

Por Edcleide da Rocha Silva

O projeto que recebe nome de “Camponesas organizadas na partilha de saberes: em defesa da mãe terra e em prol da segurança e soberania alimentar”, nasce da parceria de trabalho coletivo campo/cidade, desenvolvido em tempos de pandemia entre o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) e a campanha Periferia Viva do Movimento de Trabalhadores por Direitos (MTD) no estado de Alagoas.

A iniciativa faz parte de um conjunto de projetos que recebem apoio do Fundo Casa Socioambiental, através da chamada GAGGA 2021 (Global Alliance for Green and Gender Action). Um dos objetivos é promover ações de formação e solidariedade no que diz respeito ao direito e acesso alimentar, como também da defesa da mãe natureza.

No dia 14 de setembro de 2021, a solidariedade se materializou através da diversidade produtiva que sai diretamente dos roçados camponeses para as famílias da orla lagunar de Maceió, promovendo autonomia econômica e visibilidade para as mulheres envolvidas na produção e acesso a uma alimentação digna por parte das famílias em situação de insegurança alimentar que recebem os produtos.

As cestas agroecológicas compartilhadas desempenham papel político, de organização, de formação e de luta. Também são construídos espaços de formação coletiva entre o MMC, a campanha Periferia Viva, Agentes Populares de Saúde e MTD, firmando momentos de partilha de saberes.

“É importante ter atenção e amor na organização das cestas, usar o álcool e as máscaras, que neste momento são fundamentais para evitar uma possível contaminação dos alimentos que são doados”, explica Maria Lucilene dos Santos, camponesa, militante do MMC no Assentamento Zumbi dos Palmares, do município de Branquinha, demonstrando que o cuidado com o outro é ter respeito à vida.

A comunidade Muvuca, localizada no Vergel do Lago, que recebeu as cestas nessa ação, faz parte da orla lagunar maceioense, que historicamente sobrevive da pesca artesanal e está em estado de vulnerabilidade durante a pandemia da covid. São ações de cunho solidário que dão novas perspectivas para a comunidade e, ao mesmo tempo, demonstram a capacidade de organização social dentro dos territórios.

As gestoras do projeto observam que a falta de políticas públicas para com as comunidades periféricas, só faz crescer a marginalização. Nesse sentido, o projeto recebe o reconhecimento de parceiros estratégicos, como a professora Maria Edna Bezerra da Silva, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (UFAL): “As ações de solidariedade empreendidas pelas mulheres camponesas fazem muita diferença neste momento”, destacou. Ela que tem acompanhando de perto a comunidade Muvuca, através das atividades de formação dos agentes populares de saúde.

O projeto mostra que a solidariedade é um princípio pedagógico e dinâmica organizadora do povo trabalhador, tanto do campo quanto da cidade. Assim as camponesas reafirmam o seu grito de ordem: “Fortalecer a luta em defesa da vida. Todos os dias!”

 

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