15.04.2025

Povos indígenas na linha de frente contra incêndios florestais na Amazônia

A chamada “Fortalecendo a autonomia e resiliência dos Povos Indígenas” apoiou 30 projetos em 39 Terras Indígenas, capacitando mais de 300 brigadistas e fornecendo equipamentos essenciais para fortalecer a proteção da Amazônia.


A Amazônia enfrenta desafios cada vez maiores: incêndios florestais e desmatamento avançam sobre territórios indígenas, ameaçando comunidades e a biodiversidade. Os povos indígenas, que há séculos protegem a floresta, seguem na linha de frente dessa luta, mas precisam de estrutura e recursos para continuar defendendo seus territórios.

É nesse cenário que o Fundo Casa Socioambiental tem atuado, apoiando diretamente a autonomia e resiliência dos povos indígenas. Com a chamada “Fortalecendo a autonomia e resiliência dos Povos Indígenas para o enfrentamento aos incêndios florestais e monitoramento de seus territórios”, foram apoiados 30 projetos em 39 Terras Indígenas, capacitando mais de 300 brigadistas e fornecendo equipamentos essenciais para o combate ao fogo.

Brigada voluntária da TI Boa Vista do povo Mura durante treinamento da brigada. Foto: Organização das Lideranças Indígenas Mura de Careiro da Várzea – OLIMCV

As Terras Indígenas são consideradas “barreiras naturais” contra o desmatamento. Estudos comprovam que os povos indígenas e tradicionais são responsáveis pela proteção de um terço das florestas no Brasil.

Nas últimas décadas, as Terras Indígenas foram responsáveis pela proteção de 20% do total das florestas nacionais. Na Amazônia brasileira, as comunidades indígenas protegem e manejam 27% das florestas, que armazenam 26% dos estoques de carbono da região, representando aproximadamente 13 bilhões de toneladas.

Mas, para continuar essa missão, é preciso fortalecer o apoio às iniciativas locais, em particular, às brigadas indígenas. Esses grupos unem conhecimento tradicional e tecnologia moderna para combater incêndios e preservar a biodiversidade.

Brigadas voluntárias atuando no combate aos incêndios florestais na TI Apiaká Kaiabi. Foto: Associação Indígena Inha-Apiaka

Para proteger a Amazônia e garantir a efetividade das ações de combate ao fogo, o Fundo Casa Socioambiental tem desempenhado um papel importante ao investir na estruturação de brigadas de incêndio.

Por meio desse apoio, foram adquiridos 300 kits de combate a incêndios, além de 264 equipamentos essenciais, como drones, roçadeiras e sopradores, indispensáveis para o monitoramento e combate ao fogo. Além disso, projetos apoiados viabilizaram a compra de 5 lanchas para facilitar o acesso a áreas remotas.

A capacitação de brigadistas é outra ação importante. O Fundo Casa apoiou a capacitação de 347 brigadistas e ajudou na formação de 14 novas brigadas em diferentes regiões da Amazônia. Com o investimento contínuo em capacitação e infraestrutura, o Fundo Casa fortalece as brigadas de incêndio, garantindo mais segurança e eficiência na luta contra as queimadas na Amazônia, um dos biomas mais importantes do mundo.

Mais de 8 mil pessoas participam diretamente das atividades de prevenção e combate ao fogo. Além disso, a presença das mulheres se destaca: quase 3 mil fortaleceram suas capacidades e hoje estão na linha de frente da defesa do território, contribuindo para a proteção e a preservação da Amazônia.

Estratégias e parcerias para fortalecer a resistência

A colaboração entre os saberes tradicionais e as técnicas modernas de combate ao fogo tem sido essencial para aprimorar as operações das brigadas indígenas. Além disso, parcerias estratégicas com IBAMA, ICMBio e Corpos de Bombeiros fortalecem as ações de prevenção e monitoramento.

No Planalto Santareno, no Oeste do Pará, o avanço do agronegócio ameaça a floresta e o modo de vida dos povos indígenas. Os povos Munduruku e Apiaká seguem resistindo, e um dos instrumentos dessa resistência é o projeto “Guardiões da Floresta em Defesa do Território Munduruku e Apiaká do Planalto”, apoiado pelo Fundo Casa. A iniciativa capacitou 40 indígenas para a vigilância territorial e o combate ao desmatamento e às queimadas criminosas, fortalecendo a proteção do território.

No Planalto Santareno, o fogo ameaça a floresta e os povos indígenas. O projeto Guardiões da Floresta fortalece a vigilância territorial e o combate às queimadas criminosas. Foto: acervo do projeto

Com o uso de drones, GPS e aplicativos de monitoramento, as comunidades aprimoraram suas estratégias de proteção. Além disso, 19 indígenas concluíram o curso de brigada de incêndio do ICMBio, fortalecendo a capacidade de resposta contra incêndios.

“Se não formos nós a proteger, ninguém mais vai fazer isso por nós. É nossa terra, nossa história e nosso futuro que estão em jogo.” – Josenildo dos Santos da Cruz, liderança do projeto.

Assembleias e reuniões estratégicas garantem que as decisões sejam coletivas, ampliando a autonomia política e administrativa das comunidades indígenas. Vale destacar que a participação das mulheres tem sido fundamental, tanto na capacitação técnica quanto na governança territorial.

Os saberes tradicionais dos povos indígenas são fundamentais para a proteção da Amazônia. Apoiar sua resistência é essencial para preservar o maior bioma tropical do planeta e enfrentar os desafios das mudanças climáticas e dos incêndios florestais. Cada ação fortalece essa luta, que é de todos nós.

 

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