26.02.2020

Novas e velhas parcerias em defesa dos biomas costeiros

Em 2019, o litoral brasileiro sofreu um desastre sem precedentes. O derrame do óleo cru deu seus primeiros sinais em agosto, e, sete meses depois, ainda há registros de óleo em algumas praias. São mais de 2 mil quilômetros de praias atingidas, do Nordeste ao Sudeste, afetando mangues, rios, corais e outros biomas. O desastre impactou de forma profunda o modo de vida das populações tradicionais que vivem da pesca artesanal.  Até hoje não se sabe exatamente qual a origem do óleo e, com o passar do tempo, temos a impressão de que esta resposta nunca vai chegar. As consequências desta tragédia ambiental podem perdurar por décadas.

Os primeiros sinais do óleo cru nas praias surgiram em agosto de 2019. Foto: Luiza Medeiros/Acervo Oceânia

O Fundo CASA possui um histórico de parceria com dezenas de grupos que atuam na preservação dos biomas costeiros e na melhoria da qualidade vida destas populações. Em parceria com o Instituto Humanize, o Fundo CASA lançou em janeiro uma chamada de projetos focada exclusivamente em apoiar as comunidades impactadas pelo derrame de óleo. Esta parceria resgata nossas esperanças e vai possibilitar o apoio de até 15 projetos.

Mas há também o caso de projetos que estavam em execução com outros objetivos e tiveram que redirecionar as velas de acordo com os novos e terríveis ventos. É o caso da Rede MangueMar do Rio Grande do Norte, que iniciou seu projeto em 2018 com o objetivo de promover espaços de formação e articulação entre os pescadores do estado. Surpreendidos com o óleo que atingiu as praias, estes espaços se transformaram em local de debate sobre a situação e ajudaram na articulação dos atingidos. 

A pesca artesanal não é apenas uma profissão, é um modo de vida e está profundamente ligada à cultura das populações costeiras. Foto: Giovanni Sérgio/Acervo Oceânica

Ao longo do projeto foram realizados 5 fóruns, a construção de um plano de comunicação, um mutirão de limpeza de áreas de estuário e mangues do Rio Pirangi, participações em audiências públicas, encontros com o Ministério Público Federal Rio Grande do Norte e uma simulação de tribunal que foi chamada de “Tribunal Popular dos Pescadores e Pescadoras do RN: impactos do trabalho na vida, trabalho e ambiente da pesca artesanal”. Este evento contou com a participação de 90 pescadores e pescadoras que trouxeram testemunhos dos impactos em suas vidas.

[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=-kTV9ocKsoA[/embedyt]

Segundo José Elio da Silva Souza, um dos fundadores da Rede MangueMar e morador da RDS – Estadual Ponta do Tubarão: “A gente espera que os responsáveis por este dano corrijam isso, e não só ambientalmente, mas também socialmente, pois os pescadores ficaram sem pescar. O próximo passo é a gente continuar se reunindo e cobrar o encaminhamento do ministério. Sem o apoio do Fundo CASA a gente não teria essa possibilidade, foi importante.” O Fundo CASA irá continuar apoiando e fortalecendo os pescadores e pescadoras artesanais, que são os grandes protetores dos biomas costeiros do Brasil.

NEWSLETTER

INSCREVA-SE E FAÇA PARTE DE NOSSA REDE
Ao enviar esse formulário você aceita nossa Política de Privacidade